APRESENTAÇÃO
Irreverentemente elegante.
A mais charmosa multiculturalidade goiana está de volta. O Juriti retorna em 2020 esbanjando elegância com muita irreverência. Uma confraternizadora disputa artística digna de ser jogada com terno e gravata, assim como gabavam-se os craques de futebol de um tal Crimeia Leste, bairro periférico de Goiânia onde surgiu o Festival. É inspirado nessa gostosa resenha varzeana que, graciosamente engravatados, anunciamos o 7º Juriti – Festival de Música e Poesia Encenada. Este projeto foi contemplado pelo Edital Fomento a Festivais de Música do Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2018.
A bem da verdade, o Juriti e o finado campeonato de várzea crimeiense estão conceitualmente e historicamente ligados. Ambos são ambientes de disputa, confraternização, convivência, habilidades e resenhas, cada qual com seu cada um. O campo de futebol era o principal ponto de encontro no bairro até início dos anos 90, quando foi transformado em praça. O campeonato morreu, o terrão deu lugar ao concreto e a convivência deu lugar ao silêncio. Entre discutíveis perdas e ganhos sociais, os moradores foram comunitariamente se reinventando. Nesse contexto nasceu o 1º Juriti, em 1993, cobrindo a sisudez cinza do concreto e o prosaico som do silêncio com cantorias, versos, performances e aplausos.
A primeira edição, realizada no peito e na raça por um grupo de jovens local, foi um acontecimento tão marcante que até hoje se encontra presente na memória afetiva de muitos crimeienses. Entretanto, por falta de apoio, o Juriti não teve continuidade nos anos seguintes. Somente 16 anos depois, em 2009, sua segunda edição foi viabilizada. Nessa retomada e nos anos que se seguiram, os mecanismos públicos de incentivo à cultura foram de fundamental importância. O Festival foi crescendo, se consolidando e, hoje, se notabiliza como um grande revelador de talentos artísticos regionais.
Nesta sétima edição, o Juriti continua em busca da regularidade de seu performático voo, ciente de que o time da arte vive um momento de resistência. Mais do que nunca é necessário defender a importância das produções culturais como instrumentos estratégicos de desenvolvimento social e econômico. E nessa defesa o Juriti joga de cabeça erguida… observa os espaços… passa a bola quando tem de passar… firula quando tem de firular… ataca quando tem de atacar… e pode até dar de bico, mas com classe, mantendo a linha e, ao mesmo tempo, divertindo a plateia.
Então, é como diz o ditado: o lambari é pescado, o jogo é jogado. Tá difícil, amigos, mas vamos pro palco. O Juriti tá na área… Se derrubar, levanta que não tem VAR… É bola pra frente, que o show tem que continuar. Músicos, poetas, atores… é hora de resistir, agir, criar, apresentar… voar… Voa Voa Juriti.